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Antes de fotografar com a máquina, eu já fotografava com os olhos. Algumas cenas, algumas pessoas, coisas que me chamavam a atenção, mais do que aos que estavam a minha volta, e eu desejava guardar comigo para sempre.

 

Quando peguei numa máquina fotográfica, me encantei com a possibilidade de materializar esses registros mentais da maneira que os enxergava. Mas foi fotografando que descobri a verdadeira realização desse ofício para mim: os laços de afeto que se criam nesta troca entre fotógrafo e fotografado, em que se aprende muito sobre o outro, mas se aprende ainda mais sobre si mesmo.

 

Uso a fotografia para falar do que acredito: de uma existência com mais escuta, mais presença, mais empatia. De histórias que precisam ser contadas para empoderar e humanizar, ajudando a desconstruir estereótipos e preconceitos dominantes que simplificam as realidades de determinados grupos e empobrecem suas existências.

Essa é a perspectiva amorosa que orienta a documentação de populações comumente relegadas ao esquecimento, como as populações periféricas e as comunidades tradicionais, dentre as quais os povos indígenas, quilombolas, vazanteiros, geraizeiros, ribeirinhos, sertanejos. Meus registros não são, portanto, distantes, neutros, imparciais. Ao contrário. São registros carregados de afeto para o nosso povo forte, corajoso e sonhador que, a despeito de tantas agruras, insiste continuamente em recriar a vida.

Seu modo de ser e de viver, sua religiosidade, suas tradições, festas e rituais, a arte e o artesanato, o folclore e tantas outras expressões da nossa cultura popular são temas constantes no meu trabalho, pois são eles que nos tornam tão singulares e especiais, conferindo-nos identidade como povo brasileiro.

Também a fotografia de paisagem, de espetáculos e de atos políticos, sempre sob a ótica do sentimento de pertencimento, da preservação da memória e da luta por um mundo mais igualitário, humanizado e solidário.

Bem-vindos.

 

Karen Eppinghaus

 

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